Certa vez, em uma cidade distante, vivia um rico mercador que tinha três filhas. As duas mais velhas eram orgulhosas e vaidosas, mas a mais nova, chamada Bela, era gentil, humilde e muito bela. As irmãs desprezavam Bela por sua simplicidade, enquanto ela sempre se dedicava a ajudar seu pai e se importava mais com o bem-estar dos outros do que com riquezas.
Um dia, o mercador perdeu toda a sua fortuna em um naufrágio e a família foi obrigada a se mudar para o campo. Enquanto as irmãs mais velhas reclamavam da nova vida, Bela se adaptou com facilidade, trabalhando arduamente para ajudar nas tarefas da casa.
Certo dia, o mercador recebeu a notícia de que um de seus navios havia sido encontrado, e viajou para tentar recuperar sua fortuna. Antes de partir, ele perguntou às filhas o que gostariam que ele trouxesse de presente. As duas mais velhas pediram vestidos e joias, mas Bela, sempre modesta, pediu apenas uma rosa.
Durante sua viagem, o mercador não conseguiu recuperar seus bens e, ao retornar para casa, se perdeu em uma floresta escura. Depois de vagar por horas, ele encontrou um castelo magnífico. Entrou no castelo e, para sua surpresa, foi recebido com um grande banquete, embora não houvesse ninguém à vista. Cansado, ele adormeceu em um dos quartos luxuosos.
Na manhã seguinte, ao sair do castelo, o mercador avistou um belo jardim cheio de rosas e se lembrou do pedido de Bela. Ele colheu uma rosa, mas, no momento em que o fez, surgiu uma terrível Fera.
— Como ousa roubar minhas rosas? — rugiu a Fera. — Eu lhe ofereci hospitalidade e este é o seu agradecimento? Você pagará com sua vida!
Desesperado, o mercador explicou que a rosa era para sua filha mais nova, Bela, e implorou por sua vida. A Fera, embora furiosa, decidiu perdoá-lo sob uma condição.
— Sua vida será poupada, mas uma de suas filhas deverá vir em seu lugar e viver comigo neste castelo. Se ela se recusar, você deve voltar e aceitar sua morte.
Com o coração pesado, o mercador retornou para casa e contou tudo a suas filhas. As irmãs mais velhas culparam Bela pelo infortúnio, mas Bela, sem hesitar, disse:
— Pai, eu irei em seu lugar. É a minha culpa, pois fui eu que pedi a rosa. Não vou deixar que algo aconteça com você por minha causa.
Assim, Bela partiu para o castelo da Fera. Lá, foi recebida com grande gentileza. A Fera não a tratou com crueldade, e ela logo percebeu que, apesar de sua aparência assustadora, ele era cortês e atencioso. Todas as noites, durante o jantar, a Fera perguntava:
— Bela, você gostaria de se casar comigo?
E todas as noites, Bela respondia calmamente:
— Não, Fera.
Apesar de sua recusa constante, a Fera não a tratava mal e permitia que ela andasse livremente pelo castelo. Com o passar do tempo, Bela começou a ver além da aparência horrível da Fera e a valorizar sua bondade e generosidade. Ela passou a sentir carinho por ele, embora ainda não estivesse pronta para aceitar sua proposta.
Um dia, Bela sentiu uma grande saudade de seu pai. A Fera, notando sua tristeza, disse:
— Se você deseja visitar seu pai, pode ir, mas precisa prometer que voltará em uma semana.
Bela agradeceu e prometeu retornar. Ao chegar em casa, suas irmãs ficaram surpresas ao ver que ela estava bem vestida e cheia de alegria. Com inveja, elas decidiram enganá-la, convencendo-a a ficar mais tempo, esperando que a Fera ficasse furiosa e a devorasse.
No entanto, uma noite, Bela teve um sonho terrível em que viu a Fera morrendo de tristeza no jardim do castelo. Desesperada, percebeu que sentia mais do que apenas amizade por ele. Correu de volta ao castelo o mais rápido que pôde e, ao chegar, encontrou a Fera desmaiada no jardim.
— Oh, Fera! — exclamou Bela, com lágrimas nos olhos. — Não morra, por favor. Eu não sabia o quanto você significava para mim. Sim, eu me casarei com você!
No momento em que Bela pronunciou essas palavras, a Fera se transformou em um belo príncipe. Ele explicou que havia sido amaldiçoado por uma feiticeira e que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço.
— Você me libertou, Bela. Seu amor quebrou a maldição. Agora, podemos ser felizes juntos.
Bela e o príncipe se casaram, e ela trouxe seu pai para viver com eles no castelo. As irmãs invejosas, como punição, foram transformadas em estátuas.