Início » Autores » Oscar Wilde » O Gigante Egoísta
O Gigante Egoísta

O Gigante Egoísta

“O Gigante Egoísta”, escrito por Oscar Wilde, é um conto infantil publicado em 1888 como parte da coleção O Príncipe Feliz e Outras Histórias. Essa história aborda temas como egoísmo, redenção, e o poder transformador do amor e da generosidade.

A História:

A história começa com um gigante que possui um belo jardim. Durante sua ausência, as crianças da vila próxima descobrem o jardim e começam a brincar ali. O jardim é encantado, com árvores floridas, pássaros cantando e o calor do sol. Todos os dias, as crianças brincam felizes no jardim do gigante.

No entanto, o gigante retorna de uma longa viagem e, ao encontrar as crianças brincando, fica furioso por elas estarem usando seu jardim sem permissão. Ele decide expulsá-las e constrói um muro ao redor de seu jardim, colocando um aviso: “Proibida a entrada: Infratores serão punidos.”

Com o jardim fechado e sem as crianças, o lugar sofre uma transformação drástica. O inverno eterno se instala no jardim, e a primavera, o verão e o outono se recusam a aparecer. As flores murcham, os pássaros não cantam mais, e a neve e o gelo cobrem o chão o ano todo. Enquanto o restante da vila vivencia as mudanças das estações, o jardim do gigante permanece frio e desolado.

O tempo passa, e o gigante começa a perceber o quanto o seu jardim ficou triste e vazio sem as crianças. Um dia, ele ouve música e risadas vindas de seu jardim. Ao olhar para fora, ele percebe que as crianças encontraram uma maneira de entrar novamente. Com elas brincando no jardim, a primavera retorna, as árvores florescem e os pássaros voltam a cantar.

O gigante percebe que seu egoísmo foi a causa de toda a tristeza e entende que, ao impedir as crianças de brincarem em seu jardim, ele afastou a alegria e a vida do local. Arrependido, ele derruba o muro e permite que as crianças brinquem livremente no jardim sempre que quiserem.

Entre as crianças, o gigante nota um menino pequeno que parece diferente dos outros e que está tentando alcançar uma árvore, mas não consegue subir. O gigante, comovido, ajuda o menino a subir na árvore. Porém, o menino desaparece misteriosamente.

O gigante continua a permitir que as crianças brinquem em seu jardim, e a primavera nunca mais o abandona. No entanto, ele nunca vê o pequeno menino novamente, e isso o entristece.

Muitos anos depois, já idoso, o gigante encontra o menino novamente, desta vez com marcas de feridas nas mãos e nos pés. O gigante pergunta quem fez isso com ele, e o menino revela que são os sinais de seu sacrifício. Ele é, na verdade, uma figura divina (sugerindo uma representação de Cristo) e veio levar o gigante para o Paraíso por causa de sua bondade final.

O gigante, que agora entendeu o verdadeiro significado do amor e da generosidade, morre em paz e é levado pelo menino para o jardim do Paraíso, onde a primavera é eterna.

Temas e Simbolismo:

  1. Egoísmo e Isolamento: O muro que o gigante constrói é um símbolo do egoísmo que o separa dos outros e do mundo. Wilde demonstra como o isolamento resultante desse egoísmo leva à estagnação e à tristeza.
  2. Redenção através do Amor e da Generosidade: O gigante aprende que a felicidade vem ao permitir que os outros compartilhem de sua riqueza (o jardim). Sua transformação de egoísta a generoso é a chave para sua redenção.
  3. Elementos Cristãos: O pequeno menino que aparece no final, com marcas nas mãos e nos pés, é uma clara referência a Cristo. A mensagem de Wilde é que, através do arrependimento e do amor altruísta, até mesmo os mais egoístas podem encontrar a salvação.
  4. Ciclo das Estações: O contraste entre o inverno eterno e o retorno da primavera simboliza o impacto das emoções humanas. O inverno representa o egoísmo e a solidão, enquanto a primavera reflete o amor e a comunhão.

Conclusão:

O Gigante Egoísta é uma história sobre a transformação moral e o poder do amor e da generosidade. Wilde usa o conto para mostrar como o egoísmo leva à desolação e à tristeza, enquanto a verdadeira felicidade e redenção só podem ser alcançadas ao abrir o coração aos outros. É uma narrativa com uma forte mensagem moral, repleta de simbolismo e lições atemporais sobre o que significa ser humano.