A história de O Gato de Botas, popularizada por Charles Perrault e também contada por Joseph Jacobs, é um conto sobre esperteza, engenhosidade e sorte.
Era uma vez um moleiro que, ao morrer, deixou seus três bens mais valiosos para seus três filhos: o moinho, um burro e um gato. O filho mais velho herdou o moinho, o segundo ficou com o burro, e o mais novo, para sua tristeza, ficou apenas com o gato. Ele lamentou sua má sorte, pensando que o gato não lhe seria de grande utilidade.
No entanto, para a surpresa do jovem, o gato, que era astuto e falante, disse-lhe:
— Não se preocupe, meu senhor. Dê-me um par de botas e um saco, e eu lhe mostrarei que não sou um gato comum.
Intrigado, o jovem aceitou o pedido do gato e providenciou as botas e o saco. Assim que as botas estavam ajustadas, o gato partiu para executar seu plano.
O gato era extremamente engenhoso. Ele usou o saco para capturar coelhos e outros pequenos animais, que levou de presente ao rei. Sempre dizia ao monarca que os presentes eram uma oferta de seu mestre, o Marquês de Carabás (um título inventado pelo gato para dar prestígio ao seu dono). O rei ficou encantado com os presentes e com a generosidade do suposto marquês, sem desconfiar de que era apenas um simples jovem.
Depois de algum tempo, o gato descobriu que o rei faria uma viagem pelo campo com sua filha, uma bela princesa. Sabendo disso, ele foi até seu mestre e o instruiu a entrar no rio e fingir estar se afogando. O jovem, embora confuso, confiou no gato e fez exatamente o que ele mandou.
Quando o rei e a princesa passaram, o gato começou a gritar:
— Socorro! Meu mestre, o Marquês de Carabás, está se afogando!
O rei imediatamente ordenou que seus servos salvassem o “marquês”. O gato então explicou ao rei que ladrões haviam roubado as roupas de seu mestre enquanto ele se banhava no rio. O rei, generoso, mandou buscar roupas finas para o jovem e o convidou a subir em sua carruagem.
Enquanto o jovem, agora disfarçado como o Marquês de Carabás, conversava com o rei e a princesa, o gato de botas correu à frente da carruagem. Ele ordenou que os camponeses que encontrava no caminho dissessem ao rei que as terras em que trabalhavam pertenciam ao Marquês de Carabás. Com medo de desobedecer ao astuto gato, os camponeses fizeram exatamente o que ele disse.
O gato continuou correndo até chegar ao castelo de um ogro muito rico e poderoso, que possuía vastas terras e era capaz de se transformar em qualquer criatura que desejasse. O gato foi até o ogro e, com sua esperteza, o desafiou a se transformar em um leão. O ogro, querendo se exibir, se transformou em um leão feroz. O gato, então, fingiu estar muito impressionado, mas logo disse:
— Ah, sim, isso é realmente incrível, mas eu duvido que você consiga se transformar em algo pequeno, como um rato.
O ogro, querendo provar seu poder, rapidamente se transformou em um rato. Sem perder tempo, o gato de botas saltou sobre ele e o devorou. Com o ogro fora de cena, o gato tomou posse do castelo.
Quando a carruagem do rei chegou ao castelo, o gato anunciou:
— Bem-vindos ao castelo do Marquês de Carabás!
O rei, impressionado com a riqueza e o poder do jovem, ficou encantado. Sua filha, a princesa, também se apaixonou pelo “marquês”. O rei, então, ofereceu a mão da princesa em casamento ao jovem, e eles se casaram com grande festa.
Assim, graças à astúcia e engenhosidade do gato de botas, o jovem tornou-se um homem rico e influente, casou-se com a princesa e viveu feliz para sempre. O gato, por sua vez, tornou-se o conselheiro mais respeitado e amado do reino.
Fim.